sábado, 26 de abril de 2008

Sobre O Rabi ( Luiz Alves Lacerda )


Quando eu andava pelas ruas históricas de Santo Agostinho, ficava imaginando em cada beco, em cada pedra, como era importante minha cidade.
Embora tenha sofrido com o preço de ruins administrações ao longo dos séculos, não ter evoluído ao longo dos anos, e quase ter exterminado os frutos de gerações passadas, como fortes monumentos e igrejas.
Lenda de cajueiros assombrados, história de túneis com tesouros holandeses, tudo isso enchia minha mente de imaginação, deixando-me ainda mais em busca de novas historias desta cidade que nasci.
E ainda, para complicar meus estudos, o livro de historia mais antigo da minha cidade, segundo informações da atendente da biblioteca municipal, foi roubado. Conheci este LIVRO quase sem querer, em meios a estudos independentes, em busca da minha historia local.
Mais foi aí que tive a sorte e o orgulho de encontrar nessas pesquisas um livro de um historiador que morava ainda na minha cidade, e achei aquilo o MAXIMO do meu descobrimento particular. Orgulhoso, encontrei um senhor que era nascido em Afogados, bairro da Cidade do Recife, e morava a mais de quarenta anos na minha cidade, por amor a sua grandiosa história, que era inspiração para sua pesquisa e paixão.Hoje tenho a honra e o prazer de ter um livro autografado por ele, que um dia me falou que, de todos os livros que escreveu, nenhum foi realmente do jeito desejado, sendo apenas resenhas de seu conhecimento.
Estou falando do RABI (era como eu o chamava), o Historiador Luiz Alves Lacerda.Encontrar aquele senhor sentado no final da tarde em frente a sua casa era uma visão que me alegrava, ele ficava observando, cumprimentando e conversando com seu povo.
Muitas vezes o encontrei e sentei ao seu lado, ficava emocionado ao sentar ao lado de uma pessoa que praticamente dedicou sua vida a estudar a historia do Cabo de Santo Agostinho, e aproveitava para sugar aquela mente cheia de conhecimento e humildade.
Muitas foram ás vezes que ele me incentivava a estudar historia, e dizia que era raro rapazes da minha idade procurá-lo para falar desse assunto, e eu meio sem graça lhe dizia: um dia quem sabe? E foi com ele aprendi tudo que sei sobre a história da minha cidade.Andei seguindo outros rumos, deixando a cidade que nasci e ganhando outros ares, e depois de quase três anos afastado de minha terra, recebi através de um site de encontros de amigos a noticia que no dia 28.12.07 o RABI tinha morrido. Indaguei... Morreu!!!! Como morreu?? Sempre atento e antenado com o que se passa na minha cidade natal, pelos sites e contato com os amigos, não havia lido nada a respeito daquela noticia. Alias... vi sim, só uma noticia falando sobre nosso historiador, em matéria bem simples, nada comparado a grandeza do RABI.
O mais impressionante nisso tudo, é que tem gente morando na minha cidade, que nem ao menos tomou conhecimento que o RABI nos deixou. Então me pus a pensar, como isto pode acontecer? Em um mundo tão globalizado, aonde as informações chegam em questões de segundos de uma lado a outro do continente, esquecemos de olhar para nosso quintal?Corremos tanto atrás de noticias fúteis, preocupados com bobagens alheias e deixamos de valorizar o que realmente nos importa.Precisamos rever nossos conceitos, na verdade, precisamos fazer uma reforma no jeito de educar a nossa população, no acesso as nossas informações.Como podemos esquecer de uma pessoa como o Rabi, Luiz Alves Lacerda, ao ponto de não prestarmos nem sequer uma Homenagem no momento em que ele subiu para junto do Pai.
Diante desta atitude, consigo perceber por que o grande Barreto Junior e o fantástico Manezinho Araújo, ao longo de suas vidas não tiveram suas obras valorizadas pelo nosso povo, mesmo sendo ícones no Brasil, e meros desconhecidos na própria cidade.
Então SALVE Santa Maria de La Consolacíon e seus Ilustres Desconhecidos!!!!!

Um comentário:

Alexandre Diogo disse...

Comentario enviado por Domingos Savio em 29/03/2008.

Bravo, Alexandre!
Ao ressaltar a contribuição que Lacerda deu à cidade do Cabo, vc chama pra si uma grande responsabilidade.
A realidade está posta...
Há muito a ser feito e muitos preguiçosos incompetentes de plantão assumindo espaços q ñ deveriam.
Como resultado sobra muito trabalho pros que tem decência e disposição.
Siga em frente.