sábado, 26 de abril de 2008

Ednilson de Oliveira



Ele foi um dos fundadores e é o atual Presidente do GRUDAGE - Grupo da Gente, além de ter sido Presidente da ACTA - Associação Cabense de Teatro Amadores, da cidade do do Cabo de Santo Agostinho/PE.
Estamos falando de Ednilson Alves de Oliveira, que mais uma vez inova no fazer teatral, com o Espetáculo de Rua, "O Cavalo que Defecava Dinheiro".


Confira a 1a Parte de sua entrevista, fornecida a Alexandre Diogo, do Nação Cultural.




Nome
Ednilson Alves de Oliveira



Onde Nasceu
Cabo de Santo Agostinho



No ano
31 de Janeiro de 1967



Filho de
Eudes Alexandre de Oliveira
Maria Djanira Alves de Oliveira



Profissão
Produtor Cultural



Como você descobriu esta paixão pelo teatro?

A paixão pelo teatro começou quando eu fui assistir a um espetáculo, coincidentemente, este espetáculo tinha no elenco meu irmão, Edinaldo Oliveira, o primeiro a fazer teatro lá em casa.
O nome do espetáculo era “O Sapateiro do Rei”, onde ele fazia o personagem do Soldado, até hoje conhecido como “Soldadinho”.Foi aí que me encantei, por esta fantasia tão fantástica, pelas cores do figurino, pela iluminação, foi algo que até então eu não tinha visto, foi o primeiro espetáculo que eu assisti e fiquei encantado.
Foi a partir daquele momento que eu fui fisgado pelo teatro.




Qual foi o seu primeiro trabalho?

Meu primeiro trabalho, foi um espetáculo chamado “A Eleição”, este que foi o primeiro espetáculo do GRUDAGE, que fez 25 anos em 2007.
Foi em 1982 que o GRUDAGE montou seu primeiro espetáculo, “A Eleição”, de Luzes Ramalho.
Na ocasião, eu fui convidado a prestar um serviço para o grupo, serviço este que era levar a refeição das pessoas que estavam fazendo o ensaio daquele espetáculo.
Foi aí que eu fui tomado por um convite, para participar do elenco, foi uma maravilha, porque eu já havia me encantado pelo teatro, e agora eu iria compor o elenco de um espetáculo, o que era muito melhor, que era estar próximo de um grupo, de uma organização, que tinha o objetivo de trabalhar arte.




Você trabalhou com alguns dos teus irmãos, fala um pouco desta experiência.

Eu trabalhei com todos eles, na verdade.
Edinaldo Oliveira, que foi o responsável por nós fazermos teatro, ele tem que levar esta responsabilidade até o fim da vida.
Ele começou fazendo teatro no TAC – Teatro de Amadores do Cabo, com o espetáculo, “O Sapateiro do Rei”, e foi ele que junto com Francisco Alves, que fundaram o GRUDAGE – Grupo da Gente, e Edinaldo, que já vinha de um grupo conhecido na cidade do Cabo, teve pretensões de fazer conhecer o GRUDAGE.
Depois destes serviços prestados e convidado para o elenco, o meu irmão, Edson Oliveira também foi convidado, e começou a fazer parte do elenco e do grupo.
Depois eu trabalhei com o Edis de Oliveira, que foi bem mais adiante, quando nós montamos a segunda versão do “O Sapateiro do Rei”, e ele compôs o elenco do espetáculo, fazendo o personagem do “mensageiro” e logo depois ele passou a interpretar o “palhaço”.É bom lembrar que a primeira versão do espetáculo “O Sapateiro do Rei”, foi em 1978 e a segunda versão foi uma homenagem do GRUDAGE ao espetáculo, já que o Edinaldo Oliveira e Francisco Alves vieram deste espetáculo, foi neste momento que o Edis de Oliveira passou a integrar o elenco.




Houve alguma resistência familiar?

A principio do meu irmão Edinaldo, o que não seria uma resistência familiar propriamente dita, mais uma preocupação que ele tinha com a gente, como ele era o mais velho, ele tinha uma responsabilidade de pai, e ele de certa forma era o responsável, que estava nos levando para fazer esta arte, que na época ainda era discriminada.
Na verdade, ainda é até hoje, mais a alguns anos atrás era muito mais, já que a pressão era muito maior, especialmente para quem fazia teatro.




Qual é a tua leitura do teatro do Cabo de Santo Agostinho?

Acho que o teatro do Cabo poderia ter avançado muito mais, e deveria estar num processo mais elevado. E aí eu responsabilizo, o poder público, acho que os que foram constituídos ao longo destes anos, tem a grande parcela neste subdesenvolvimento.
Eu acredito que o artista do Cabo, tem de uma certa forma feito seu papel de artista, mais infelizmente, não dá pra fazer tudo.
São muitas coisas pra se fazer, sem o apoio devido, e é ai que entra o papel do poder público, seja do Estado ou do Município, em viabilizar o processo de produção cultural, na cidade, no estado ou no país.




Foram quantos trabalhos no teatro?

Foram muitos, mais poucas em relação ao tempo, muitos eu digo pela falta de recursos pra produzir, pra se ter feito tudo isso. Bem, começarmos com “A Eleição”, “Guiomar, sem rir nem chorar”, onde eu fazia a iluminação.
Logo depois veio “Uma Mulher Dama” em 1985 de Luzes Ramalho, que é uma autora Paraibana.
Neste mesmo ano em 1985, nós estreamos “A Praça do Pensamento”, que era um espetáculo voltado para o público infanto-juvenil, e neste mesmo ano, nós fizemos uma homenagem a Sra Luzes Ramalho, que foi a realização de uma mostra, intitulada: “Mostra de Texto Luzes Ramalho”.
A mostra foi uma homenagem a Sra Luzes, já que nós tínhamos um certo carinho pelo trabalho, pelos textos dela.Logo depois da “A Praça do Pensamento”, teve “A Paz Esteja Convosco”, que era um espetáculo de rua, onde nós falávamos da contradição do ano de 1986, onde era considerado o Ano Internacional da Paz, e no Cabo, foi o ano que mais mataram pessoas, foi quando houve o maior número de assassinatos, foi onde nós fizemos quase que um protesto. Nosso objetivo era que as pessoas, os políticos, os governantes, pudessem olhar com um carinho maior para esta questão da violência, que vem assolando este país.
Depois nós montamos um show de variedades, chamado “Deleite-se Show”, que foi uma coisa mais cômica, uma brincadeira.
Logo depois veio “O Sapateiro do Rei”em 1989, a montagem do GRUDAGE.
Depois veio “O Enigma de Cid”, e em todos estes espetáculos eu tive uma participação como ator ou como técnico, eu sempre estava envolvido nestas produções.“Nas Voragens do Pecado”, foi o último espetáculo neste tempo todo, na verdade o último é agora, “O Cavado que Defecava Dinheiro”.
Agora sim, nestes anos todos, por exemplo, depois da “A Praça do Pensamento”, eu criei um grupo, uma companhia de animação de festa, que tivesse esta preocupação de trabalhar um pouco mais de arte dentro das festas infantis.E foi aí que eu criei a “Companhia Festa & Folia”, onde nós levávamos palhaço de perna de pau, malabaristas, na verdade nós introduzimos isto mais agora, mais recentemente, mais nós já trabalhávamos com teatro de bonecos, o mamulengo, música ao vivo, com uma bandinha que fizesse uma música instrumental, enfim, nosso desafio era levar um pouco mais de cultura e arte para as festas.Nossa maior dificuldade, era que na época, imperava a Xuxa, e brigar com a Xuxa dentro das festas era uma coisa meio complicada, mais nós sempre demos nosso recado. Já que tinham pessoas que gostavam muito da nossa linha de trabalho.
Até que em 1998, nós começamos a introduzir, pernas de pau, malabares, sketes de palhaço, nesta linha mais circense.Bom, a minha maior paixão sempre foi a produção cultural, o que sempre eu gostei foi de administrar tudo isso.
Na verdade, eu não gostava de dizer que eu era produtor cultural, por que eu acredito que eu sou um viabilizador da produção, eu contribuo para que as pessoas mostrem o seu trabalho, seja um trabalho de texto, construído ali, seja um trabalho da interpretação, ou seja, dá oportunidade, ser uma plataforma para esta produção, eu me encontro muito fazendo isso.Então ligado a tudo isso, foi a direção do GRUDAGE, fui presidente do GRUDAGE, logo no início, após a saída do meu irmão Edinaldo Oliveira, que buscou outros caminhos, já que sobreviver de arte é extremamente difícil nos dias atuais.E aí eu assumi a presidência do GRUDAGE, houveram algumas lacunas neste período, mais hoje eu ainda sou presidente, e eu sempre gostei muito desta questão da administração cultural.
Também fui presidente da Associação Cabense de Teatro Amador – ACTA, que realizou grandes festivais, grandes eventos culturais aqui na cidade, um deles foi o FENATECA - Festival Nacional de Teatro do Cabo, ao todo 04 versões.
Foi também sobre a minha gestão que criamos a MOCASPE – Mostra Cabense de Sketes e Poesias Encenadas, que foi resultado de uma de nossas viagens com o Espetáculo “Guiomar, sem rir nem chorar”, que foi em Franca/SP, onde surgiu a idéia de montarmos uma mostra de sketes e poesias, a nossa inspiração foi de um trabalho lá de Franca, chamado “Águas de Março”, que era muito parecido com a MOCASPE.E aí nós fizemos uma adaptação para nosso município, para a época e hoje a MOCASPE já vai na 12ª edição, e é um sucesso pela participação da comunidade cabense na mostra.




É fantástico.E assim como seu irmão, que iniciou vocês no teatro, você também esta introduzindo a sua família neste novo trabalho.

Hoje o Tiago Henrique Alves de Oliveira, meu filho, já estreou com 11 meses, e experimentou o fazer teatral.Bom, talvez eu não queira isso para ele, por que é muito complexo fazer teatro aqui no Cabo, e até mesmo no Brasil, por que nós não temos o reconhecimento necessário.Infelizmente, não se compreende o artista como um produtor, um trabalhador, na verdade, e aí o artista sofre muito com isso.
Hoje já esta sendo algo mais aberto, mais num processo muito lento.E aí eu digo, experiência com arte acho que todos deveriam ter, seja na música, no teatro, na dança, no circo, a arte amplia teus horizontes, você passa a compreender melhor o mundo, você passa a ver de uma outra forma, e passa a ver o universo com mais diversidade.Pelo menos a experiência teatral o Tiago já tem, se ele vai querer seguir a arte do teatro, ou da mãe, Sintia Alves, que é das artes plásticas, não sei. Lembrando ainda, que Sintia também é atriz, e realiza trabalhos com figurino, cenário, dentre outros.Mais o que eu queria realmente dizer é que nós temos que preparar muito bem o Tiago Henrique, para que ele possa decidir bem o que ele quer fazer.Se ele quiser ser artista que seja, mais num local onde se possa compreender melhor este universo.



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