sábado, 26 de abril de 2008

Domingos Sávio


Nascido:
9/12/73

Onde?
Cabo de Santo Agostinho

O que Faz?
Sou Professor da Teoria da musica, solfejo.
Dou aula de clarinete e saxofone na Escola de Música José Ladislau Pimentel, atividade que ocupa meu maior tempo. Paralelo a isso, eu ainda estou vinculado à banda 15 de novembro cabense há 17 anos, estou coordenando o Coral e Orquestra Fantasia da Juventude Lírica e ainda com um projeto antigo, que foi retomado há quatro anos atrás, que é Orquestra de Metais Pernambucanos, com propósito de fazer musica inerente ao carnaval.

Filho de quem?
Meu pai é Cícero Ângelo da Silva, nascido e criado em Maraial Pernambuco.Trabalhou duro trabalhou na cana, passou bicho, vendeu jogo, enfim, de tudo ele fez de forma digna e honesta para que eu esteja aqui hoje, sempre de cabeça erguida.
Minha mãe é Marina Francisca dos Santos Silva, nascida na zona rural do Cabo de Santo Agostinho, foi professora primaria, lesionou durante vinte e cinco anos, dos quais tive a oportunidade de passar dois como aluno, na minha primeira e na segunda série primária.

Fale um pouco de Dona Anita.
Anita Santos de Melo, Autora do Hino do Cabo, minha Tia. Na década de setenta, havia uns programas de auditório, programas produzidos em Recife, e que envolviam a área cultural metropolitana da Mata Sul e Mata Norte. Em um desses programas intitulado “Meu Bairro é o Maior”, as cidades eram convidadas a apresentar o que elas tinham de melhor no canto da musica, da arte, da dança, enfim, e o Cabo vinha apresentando um desempenho muito bom, esse desempenho seria ameaçado pela inexistência de um Hino da Cidade.
As cidades concorrentes tinham hino para apresentarem e a cidade do cabo ainda não tinha hino. Anita Santos preocupada com essa situação, caiu em campo e mobilizou-se, levantou dados, e pesquisou e para a elaboração de um hino.
Essa idéia, provocou a produção de um concurso, que acabou findando com um êxito, por um poema feito por ela, acompanhado da musica feita pelo Tenente Costa, “CHICO COSTA” e também conhecido por Chico do Trombone, que também era clarinetista.
O hino do Cabo ele tem um fio condutor e ele ressalta as virtudes da cidade, principalmente do seu aspecto geográfico, ele fala das belezas das praias, ele já fala do potencial de Suape, e também o traço que o cabense enxerga de uma forma particular, que é o fato das terras do Cabo de Santo Agostinho terem sido visitadas por espanhóis antes mesmo do descobrimento oficial do Brasil.Segundo dados históricos, em 26 de Janeiro de 1500, o navegador Vicent Ianes Pizón, teria aportado no Cabo de Santo Agostinho, o que os portugueses só vieram a fazer em Porto Seguro em 22 de Abril de 1500.
Esses mesmos portugueses, acabaram chegando ao Cabo só em 28 de Agosto desse mesmo ano, por isso o nome de Cabo de Santo Agostinho, é que era dia do Santo em Portugal.
Pelo os espanhóis, o nome escolhido foi Santa Maria de Lá Consolación, mais como prevaleceu a descoberta pelos portugueses ficou estabelecido o do Santo do Dia.
Como você adquiriu o gosto pela musica?
Eu acho que foi muito natural, eu tenho uma formação católica, e quando criança, eu acompanhava a procissão com os meus pais, e confesso aqui, que a banda atraiu mais minha atenção do que o andor, de forma que eu sempre acompanhei a procissão juntinho da banda, e foi ai, que comecei ter a atenção roubada pelos solos de clarineta utilizadas nas marchas religiosas.

Qual a importância da Escola de Musica do Cabo pra você hoje?
A escola de Música do Cabo, é o equipamento mais importante que agente tem na cidade hoje, que serve de suporte para o desenvolvimento da nossa cultura, especificamente da arte musical. Apesar da fragilidade de limitação da escola, ela vem a trinta e um anos desempenhando um papel extremamente relevante, nós enquanto escola de musica temos ex aluno em bandas no Distrito federal, Rio de Janeiro, na banda do Corpo de Bombeiros de Maceió, Orquestra Sinfônica de Aracaju, na banda Sinfônica da Cidade do Recife e outros. Enfim, os resultados produzidos por essa escola já ultrapassam os limites do estado.

Qual a importância da Filarmônica 15 de Novembro Cabense ?
A Filarmônica é a mãe dessa vertente musical, relacionada a instrumentos de sopro, a cultura musical de banda. Até onde se tem registro, surgiu em 1888, a partir de uma idéia de Epitácio Pessoa, que era seresteiro e boêmio. Aquele mesmo Epitácio que foi Presidente da República. Ele era promotor da comarca do Cabo, e ele lançou a idéia de criar uma banda de Musica que teve inicio em 03 de Setembro de 1888, inclusive era uma visão extremamente arrochada para a época, porque eles idealizavam fundir grêmio literário, escola de couro, banda de musica e ainda disponibilizar uma biblioteca para os sócios e amigos. Depois de alguns anos, esse projeto começou a apresentar dificuldades em virtudes da discriminação racial, alguns conservadores não aceitavam o fato de NEGROS fazerem parte da diretoria, e isso levou a um racha e essa atividade parou por vários anos. Então surgiu novamente em 1914, onde alguns dissidentes resolverão re-organizar a banda de musica, e é por isso que agente tem Filarmônica 15 de Novembro Cabense essa é de 1914.

O Frevo é uma paixão?
É, e não tem proprietário, convido a todos os músicos a participarem e a beberem dessa fonte, dessa paixão.

Miro Oliveira: o que ele representou para o Cabo de Santo Agostinho e Pernambuco?
Miro não é um daqueles compositores que se conta suas composições nos dedos, Miro deixou um legado enorme, e injustamente pouco conhecido e pouco explorado. Esta é uma das coisas que esta na minha caminhada, divulgar este legado, para se fazer um pouco mais de justiça a obra de Miro Oliveira.

Conte-nos um pouco da sua Historia como Músico?
Bom........o Cabo tem uma escola de música bem no centro da cidade, e todo mundo que passa, acaba de alguma forma tendo sua atenção chamada para um iniciante, um jovem soprando um instrumento lá dentro. Instrumentos musicais mexem com a as pessoas, e quando você vê crianças e jovens soprando, isso parece que tem um fascínio bem maior. Aos treze anos de idade, eu já estava cansado, não acreditava mais que minha mãe ia me matricular na escola de musica , ocorreu que meu desempenho na escola normal não estava tão bem nessa fase. Minha acreditava que me matriculando na escola de musica, esse desempenho iria se torna pior, mas eu acabei forçando a barra, e ela me matriculou, e pra supressa dela meu desempenho mudou totalmente, depois do meu vínculo com a escola. Essa mesma escola, que oferece ainda hoje um curso muito simplório e superficial com duração de quatro anos. Terminado esses quatros anos, eu segui o impulso da minha irmã mais velha, de fazer licenciatura em musica. Ela acabou dando essa dica por que eu já estava totalmente envolvido, depois desses quatro anos de curso, eu já fazia arranjo para vários instrumentos para participar da missa, e tocava em casamento, e já estava com a mão na massa, estava desenvolvendo mesmo de forma simplória, uma habilidade como arranjador, como líder de grupo e acabei encarando a idéia da licenciatura. Obtive êxito no vestibular, e tive a oportunidade de conhecer um leque muito mais amplo de disciplinas, tomei gosto pelo magistério em musica, e continuo até hoje. O frevo acaba entrando ai, como elemento natural e inevitável, já que o Brasil tem um dos grandes gêneros musicais autenticamente seu, um é o choro o outro é o Frevo. O músico brasileiro que não navegar por nenhuma dessas águas, ele não começou ainda, e ai eu passei também por essa face do chorinho, eu digo fase, mais é uma coisa que fica, e o frevo por ser muito mais forte aqui, acaba amarrando a gente de uma maneira muito interessante. Em 1996, eu já tinha tocado em orquestra de amigos, toquei na Orquestra do Maestro Nunes, que era um dos poucos contratantes de orquestra que incorporava a clarineta ao seu grupo em geral, já que as orquestras de frevo , elas reuniam instrumentos que tem potencial sonoro maior. Em 1997, eu arrematei o meu pessoal e montei um arquivo, e formei minha primeira orquestra de metais, que devido as dificuldades não fincou. Voltei a tocar no Recife, dessa vez, pela Orquestra de Frevo de Bloco Cordas e Retalhos por dois anos, e em seguida dei inicio ao um projeto novo no Cabo de Santo Agostinho, uma Orquestra para frevo de Bloco, e ai surgi “Coral e Orquestra Fantasia da Juventude Lírica”.


Fantasia da Juventude Lírica.
Coral e Orquestra Fantasia da Juventude Lírica, surgiu de necessidade que nós tínhamos, um momento bem particular, havia um Coral Municipal, do outro lado a Filarmônica, e tinha uma “garotada” na Escola de Música também no arfã de fazer coisas diferentes. Juntamos alguns amigos, abraçamos o frevo de bloco, e já estamos há sete anos, com algumas renovações que não conseguimos evitar, até porque chega um ponto que cada um faz seu caminho, mas a Juventude continua viva e fazendo a sua maneira o frevo de bloco.


Você é contra ou a favor do “Jabá”?
Radicalmente contra, a arte tem que ser apreciada e não comprada e vendida. O “Jabá” funciona como uma venda aos olhos do grande público, porque vai ser vinculado, por porque tem alguém bancado, então o pequeno compositor, o pequeno artista, embora tem uma bagagem de qualidade, se não tiver alguém que banque seu produto, não vai se torna conhecido, e lógico não vai ser vendido, então isso é crime. Sou radicalmente contra e isso tem que ser mudado.Não tem como falar em escolha ou em desenvolvimento cultural, com esse entrave absurdo, que é mantido por trás de uma cortina. A mídia não discute o jabá porque será ? Resumindo o “Jabá” tem que acabar, para que haja uma discussão de democratização dos meios de comunicação.

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