sábado, 26 de abril de 2008

Jael Oliveira


O Nação Cultural tem a honra de apresentar a maior expressão do Rock local, uma das melhores bandas de Pernambuco. Estamos falando da ELITE NA MIRA, comandada pelo baixista Jael Oliveira e pelo seu fiel escudeiro o vocalista Pajé.
Esta banda tem uma linda historia de amor ao Rock.
O Grupo criado na COHAB subúrbio do Município do Cabo de Santo Agostinho, por pessoas que nasceram e cresceram por aqui, por este motivo, vem cantando ao longo do tempo, contra as diferenças sociais, defendendo a igualdade, apontando ou mirando a elite como a principal responsável por estas diferenças sociais em que vivemos.
Esta banda, que só é lembrada pelos Órgãos de cultura local em época de campanha política, já tem um trabalho sólido, pois onde a ELITE se apresenta, divulga de onde vem e para que veio.
O grupo é bastante conhecido também fora do estado, onde já tocou a convites e em festivais de Rock. Também esta na grande rede mundial, podemos conhecer, escutar e fazer DOWNLOAD de suas Músicas pelo site da banda www.elitenamira.cjb.net ou pelo site terra palco mp3 www.elitenamira.palcomp3.com.br onde estão disponíveis três músicas do novo CD - A SOLUÇÃO (ESTA EM VOCÊ).
Espero que gostem tanto quanto eu desta entrevista, divirtam-se.





Há quanto tempo a ELITE esta NA MIRA ?
Vão fazer dez anos de estrada, de muito rock n´roll e protesto.




Como surgiu a Elite na Mira?
Descendência da primeira banda de rock do Cabo. Acabou “Os Marteladores de Cabeças”, começou A Elite na Mira.




Quais foram as maiores influencias da banda?
A banda do ABC Paulista: “Garotos Podres” e “Os Replicantes”, do Rio Grande do Sul.




Qual foi a maior dificuldade que a Elite na Mira já passou em sua historia?
Essas mudanças de integrantes, é a pior dificuldade mesmo.




Como foi tocar no “Acorda Povo”? (Projeto da Nação Zumbi e Devotos em parceria com o Governo do Estado).
Tocamos numa ótima estrutura, com profissionais muito competentes, e aqui no Cabo, para os cabenses aprenderem como se faz um bom evento. Inesquecível!





Como você vê hoje o movimento das Bandas Locais?
Muito carente! Quase não somos organizados, mas existe uma vontade e uma resistência para fazer crescer o movimento de bandas independentes na cidade. Essa vontade é a nossa esperança de ver um bom movimento musical no Cabo.



Lembro que no começo do Som da Sopa na Rádio Cidade, a Elite na Mira chegou a tocar na programação e fazer alguns shows na capital, o que levou a banda a tocar no “Acorda Povo”, parecia que a coisa estava andando, bem, a pergunta é, o que deu errado ?
O que falta é acreditarem na nossa música, no nosso potencial. Sei que a banda vai continuar porque a proposta da banda tem sentido e força. O Nação Cultural acredita na nossa música.




Hoje quando a Elite na Mira se apresenta no Cabo de Santo Agostinho suas musicas são cantadas pelo publico que gosta e cultua seus hits, como é essa ligação da banda e seu publico?
Espontâneo, tocamos para amigos e verdadeiros roqueiros, eles reconhecem a força do nosso som.




Qual é a mensagem que a banda quer passar com seu novo trabalho “A Solução esta em Você”?
Que acreditem em si mesmos, na capacidade de cada um de melhorar e crescer como ser humano. Desta maneira é que acreditamos numa mudança substancial da sociedade. Essa é a verdadeira REVOLUÇÃO.




Além de serem músicos vocês tem outra profissão?
Temos dois professores na banda, o vocalista Pajé e o baixista Jael. Agora contamos com a força de Samuel, estudante, nas guitarras. Do adolescente Victor, estudante, na bateria. Ambos recém chegados na banda.




Como a Secretaria de Cultura da Cidade esta tratando este seguimento da musica local?
Com descaso! Nunca procuram a gente, ignoram totalmente.




Qual é o apoio que vocês têm recebido da Secretaria de Cultura da Cidade?
Nenhum!•


Como vocês vêm hoje o musico cabenses?
O músico cabense é carente demais, em todos os sentidos. Precisamos nos assumircomo classe e nos organizar para defender essa maravilhosa profissão.




Qual trabalho (CD) vocês mais gostaram de fazer e qual ficou melhor ?
O último é o mais maduro mesmo, mas vamos melhorar nos próximos. Espero!




Que musica a Elite tem que tocar em todos os shows a pedido da galera?
Várias! É bom falar disso. Nosso repertório é alterado em todas as apresentações, porque todos querem ouvir músicas que não havíamos encaixado pra aquela apresentação, é ótimo! Acho que Nosso Bairro, é a mais unânime.




Sobre O Rabi ( Luiz Alves Lacerda )


Quando eu andava pelas ruas históricas de Santo Agostinho, ficava imaginando em cada beco, em cada pedra, como era importante minha cidade.
Embora tenha sofrido com o preço de ruins administrações ao longo dos séculos, não ter evoluído ao longo dos anos, e quase ter exterminado os frutos de gerações passadas, como fortes monumentos e igrejas.
Lenda de cajueiros assombrados, história de túneis com tesouros holandeses, tudo isso enchia minha mente de imaginação, deixando-me ainda mais em busca de novas historias desta cidade que nasci.
E ainda, para complicar meus estudos, o livro de historia mais antigo da minha cidade, segundo informações da atendente da biblioteca municipal, foi roubado. Conheci este LIVRO quase sem querer, em meios a estudos independentes, em busca da minha historia local.
Mais foi aí que tive a sorte e o orgulho de encontrar nessas pesquisas um livro de um historiador que morava ainda na minha cidade, e achei aquilo o MAXIMO do meu descobrimento particular. Orgulhoso, encontrei um senhor que era nascido em Afogados, bairro da Cidade do Recife, e morava a mais de quarenta anos na minha cidade, por amor a sua grandiosa história, que era inspiração para sua pesquisa e paixão.Hoje tenho a honra e o prazer de ter um livro autografado por ele, que um dia me falou que, de todos os livros que escreveu, nenhum foi realmente do jeito desejado, sendo apenas resenhas de seu conhecimento.
Estou falando do RABI (era como eu o chamava), o Historiador Luiz Alves Lacerda.Encontrar aquele senhor sentado no final da tarde em frente a sua casa era uma visão que me alegrava, ele ficava observando, cumprimentando e conversando com seu povo.
Muitas vezes o encontrei e sentei ao seu lado, ficava emocionado ao sentar ao lado de uma pessoa que praticamente dedicou sua vida a estudar a historia do Cabo de Santo Agostinho, e aproveitava para sugar aquela mente cheia de conhecimento e humildade.
Muitas foram ás vezes que ele me incentivava a estudar historia, e dizia que era raro rapazes da minha idade procurá-lo para falar desse assunto, e eu meio sem graça lhe dizia: um dia quem sabe? E foi com ele aprendi tudo que sei sobre a história da minha cidade.Andei seguindo outros rumos, deixando a cidade que nasci e ganhando outros ares, e depois de quase três anos afastado de minha terra, recebi através de um site de encontros de amigos a noticia que no dia 28.12.07 o RABI tinha morrido. Indaguei... Morreu!!!! Como morreu?? Sempre atento e antenado com o que se passa na minha cidade natal, pelos sites e contato com os amigos, não havia lido nada a respeito daquela noticia. Alias... vi sim, só uma noticia falando sobre nosso historiador, em matéria bem simples, nada comparado a grandeza do RABI.
O mais impressionante nisso tudo, é que tem gente morando na minha cidade, que nem ao menos tomou conhecimento que o RABI nos deixou. Então me pus a pensar, como isto pode acontecer? Em um mundo tão globalizado, aonde as informações chegam em questões de segundos de uma lado a outro do continente, esquecemos de olhar para nosso quintal?Corremos tanto atrás de noticias fúteis, preocupados com bobagens alheias e deixamos de valorizar o que realmente nos importa.Precisamos rever nossos conceitos, na verdade, precisamos fazer uma reforma no jeito de educar a nossa população, no acesso as nossas informações.Como podemos esquecer de uma pessoa como o Rabi, Luiz Alves Lacerda, ao ponto de não prestarmos nem sequer uma Homenagem no momento em que ele subiu para junto do Pai.
Diante desta atitude, consigo perceber por que o grande Barreto Junior e o fantástico Manezinho Araújo, ao longo de suas vidas não tiveram suas obras valorizadas pelo nosso povo, mesmo sendo ícones no Brasil, e meros desconhecidos na própria cidade.
Então SALVE Santa Maria de La Consolacíon e seus Ilustres Desconhecidos!!!!!

Domingos Sávio


Nascido:
9/12/73

Onde?
Cabo de Santo Agostinho

O que Faz?
Sou Professor da Teoria da musica, solfejo.
Dou aula de clarinete e saxofone na Escola de Música José Ladislau Pimentel, atividade que ocupa meu maior tempo. Paralelo a isso, eu ainda estou vinculado à banda 15 de novembro cabense há 17 anos, estou coordenando o Coral e Orquestra Fantasia da Juventude Lírica e ainda com um projeto antigo, que foi retomado há quatro anos atrás, que é Orquestra de Metais Pernambucanos, com propósito de fazer musica inerente ao carnaval.

Filho de quem?
Meu pai é Cícero Ângelo da Silva, nascido e criado em Maraial Pernambuco.Trabalhou duro trabalhou na cana, passou bicho, vendeu jogo, enfim, de tudo ele fez de forma digna e honesta para que eu esteja aqui hoje, sempre de cabeça erguida.
Minha mãe é Marina Francisca dos Santos Silva, nascida na zona rural do Cabo de Santo Agostinho, foi professora primaria, lesionou durante vinte e cinco anos, dos quais tive a oportunidade de passar dois como aluno, na minha primeira e na segunda série primária.

Fale um pouco de Dona Anita.
Anita Santos de Melo, Autora do Hino do Cabo, minha Tia. Na década de setenta, havia uns programas de auditório, programas produzidos em Recife, e que envolviam a área cultural metropolitana da Mata Sul e Mata Norte. Em um desses programas intitulado “Meu Bairro é o Maior”, as cidades eram convidadas a apresentar o que elas tinham de melhor no canto da musica, da arte, da dança, enfim, e o Cabo vinha apresentando um desempenho muito bom, esse desempenho seria ameaçado pela inexistência de um Hino da Cidade.
As cidades concorrentes tinham hino para apresentarem e a cidade do cabo ainda não tinha hino. Anita Santos preocupada com essa situação, caiu em campo e mobilizou-se, levantou dados, e pesquisou e para a elaboração de um hino.
Essa idéia, provocou a produção de um concurso, que acabou findando com um êxito, por um poema feito por ela, acompanhado da musica feita pelo Tenente Costa, “CHICO COSTA” e também conhecido por Chico do Trombone, que também era clarinetista.
O hino do Cabo ele tem um fio condutor e ele ressalta as virtudes da cidade, principalmente do seu aspecto geográfico, ele fala das belezas das praias, ele já fala do potencial de Suape, e também o traço que o cabense enxerga de uma forma particular, que é o fato das terras do Cabo de Santo Agostinho terem sido visitadas por espanhóis antes mesmo do descobrimento oficial do Brasil.Segundo dados históricos, em 26 de Janeiro de 1500, o navegador Vicent Ianes Pizón, teria aportado no Cabo de Santo Agostinho, o que os portugueses só vieram a fazer em Porto Seguro em 22 de Abril de 1500.
Esses mesmos portugueses, acabaram chegando ao Cabo só em 28 de Agosto desse mesmo ano, por isso o nome de Cabo de Santo Agostinho, é que era dia do Santo em Portugal.
Pelo os espanhóis, o nome escolhido foi Santa Maria de Lá Consolación, mais como prevaleceu a descoberta pelos portugueses ficou estabelecido o do Santo do Dia.
Como você adquiriu o gosto pela musica?
Eu acho que foi muito natural, eu tenho uma formação católica, e quando criança, eu acompanhava a procissão com os meus pais, e confesso aqui, que a banda atraiu mais minha atenção do que o andor, de forma que eu sempre acompanhei a procissão juntinho da banda, e foi ai, que comecei ter a atenção roubada pelos solos de clarineta utilizadas nas marchas religiosas.

Qual a importância da Escola de Musica do Cabo pra você hoje?
A escola de Música do Cabo, é o equipamento mais importante que agente tem na cidade hoje, que serve de suporte para o desenvolvimento da nossa cultura, especificamente da arte musical. Apesar da fragilidade de limitação da escola, ela vem a trinta e um anos desempenhando um papel extremamente relevante, nós enquanto escola de musica temos ex aluno em bandas no Distrito federal, Rio de Janeiro, na banda do Corpo de Bombeiros de Maceió, Orquestra Sinfônica de Aracaju, na banda Sinfônica da Cidade do Recife e outros. Enfim, os resultados produzidos por essa escola já ultrapassam os limites do estado.

Qual a importância da Filarmônica 15 de Novembro Cabense ?
A Filarmônica é a mãe dessa vertente musical, relacionada a instrumentos de sopro, a cultura musical de banda. Até onde se tem registro, surgiu em 1888, a partir de uma idéia de Epitácio Pessoa, que era seresteiro e boêmio. Aquele mesmo Epitácio que foi Presidente da República. Ele era promotor da comarca do Cabo, e ele lançou a idéia de criar uma banda de Musica que teve inicio em 03 de Setembro de 1888, inclusive era uma visão extremamente arrochada para a época, porque eles idealizavam fundir grêmio literário, escola de couro, banda de musica e ainda disponibilizar uma biblioteca para os sócios e amigos. Depois de alguns anos, esse projeto começou a apresentar dificuldades em virtudes da discriminação racial, alguns conservadores não aceitavam o fato de NEGROS fazerem parte da diretoria, e isso levou a um racha e essa atividade parou por vários anos. Então surgiu novamente em 1914, onde alguns dissidentes resolverão re-organizar a banda de musica, e é por isso que agente tem Filarmônica 15 de Novembro Cabense essa é de 1914.

O Frevo é uma paixão?
É, e não tem proprietário, convido a todos os músicos a participarem e a beberem dessa fonte, dessa paixão.

Miro Oliveira: o que ele representou para o Cabo de Santo Agostinho e Pernambuco?
Miro não é um daqueles compositores que se conta suas composições nos dedos, Miro deixou um legado enorme, e injustamente pouco conhecido e pouco explorado. Esta é uma das coisas que esta na minha caminhada, divulgar este legado, para se fazer um pouco mais de justiça a obra de Miro Oliveira.

Conte-nos um pouco da sua Historia como Músico?
Bom........o Cabo tem uma escola de música bem no centro da cidade, e todo mundo que passa, acaba de alguma forma tendo sua atenção chamada para um iniciante, um jovem soprando um instrumento lá dentro. Instrumentos musicais mexem com a as pessoas, e quando você vê crianças e jovens soprando, isso parece que tem um fascínio bem maior. Aos treze anos de idade, eu já estava cansado, não acreditava mais que minha mãe ia me matricular na escola de musica , ocorreu que meu desempenho na escola normal não estava tão bem nessa fase. Minha acreditava que me matriculando na escola de musica, esse desempenho iria se torna pior, mas eu acabei forçando a barra, e ela me matriculou, e pra supressa dela meu desempenho mudou totalmente, depois do meu vínculo com a escola. Essa mesma escola, que oferece ainda hoje um curso muito simplório e superficial com duração de quatro anos. Terminado esses quatros anos, eu segui o impulso da minha irmã mais velha, de fazer licenciatura em musica. Ela acabou dando essa dica por que eu já estava totalmente envolvido, depois desses quatro anos de curso, eu já fazia arranjo para vários instrumentos para participar da missa, e tocava em casamento, e já estava com a mão na massa, estava desenvolvendo mesmo de forma simplória, uma habilidade como arranjador, como líder de grupo e acabei encarando a idéia da licenciatura. Obtive êxito no vestibular, e tive a oportunidade de conhecer um leque muito mais amplo de disciplinas, tomei gosto pelo magistério em musica, e continuo até hoje. O frevo acaba entrando ai, como elemento natural e inevitável, já que o Brasil tem um dos grandes gêneros musicais autenticamente seu, um é o choro o outro é o Frevo. O músico brasileiro que não navegar por nenhuma dessas águas, ele não começou ainda, e ai eu passei também por essa face do chorinho, eu digo fase, mais é uma coisa que fica, e o frevo por ser muito mais forte aqui, acaba amarrando a gente de uma maneira muito interessante. Em 1996, eu já tinha tocado em orquestra de amigos, toquei na Orquestra do Maestro Nunes, que era um dos poucos contratantes de orquestra que incorporava a clarineta ao seu grupo em geral, já que as orquestras de frevo , elas reuniam instrumentos que tem potencial sonoro maior. Em 1997, eu arrematei o meu pessoal e montei um arquivo, e formei minha primeira orquestra de metais, que devido as dificuldades não fincou. Voltei a tocar no Recife, dessa vez, pela Orquestra de Frevo de Bloco Cordas e Retalhos por dois anos, e em seguida dei inicio ao um projeto novo no Cabo de Santo Agostinho, uma Orquestra para frevo de Bloco, e ai surgi “Coral e Orquestra Fantasia da Juventude Lírica”.


Fantasia da Juventude Lírica.
Coral e Orquestra Fantasia da Juventude Lírica, surgiu de necessidade que nós tínhamos, um momento bem particular, havia um Coral Municipal, do outro lado a Filarmônica, e tinha uma “garotada” na Escola de Música também no arfã de fazer coisas diferentes. Juntamos alguns amigos, abraçamos o frevo de bloco, e já estamos há sete anos, com algumas renovações que não conseguimos evitar, até porque chega um ponto que cada um faz seu caminho, mas a Juventude continua viva e fazendo a sua maneira o frevo de bloco.


Você é contra ou a favor do “Jabá”?
Radicalmente contra, a arte tem que ser apreciada e não comprada e vendida. O “Jabá” funciona como uma venda aos olhos do grande público, porque vai ser vinculado, por porque tem alguém bancado, então o pequeno compositor, o pequeno artista, embora tem uma bagagem de qualidade, se não tiver alguém que banque seu produto, não vai se torna conhecido, e lógico não vai ser vendido, então isso é crime. Sou radicalmente contra e isso tem que ser mudado.Não tem como falar em escolha ou em desenvolvimento cultural, com esse entrave absurdo, que é mantido por trás de uma cortina. A mídia não discute o jabá porque será ? Resumindo o “Jabá” tem que acabar, para que haja uma discussão de democratização dos meios de comunicação.

Sintia Alves


Nome: Sintia Cristina Alves da Silva.



Onde nasceu ? Ribeirão/PE.



Filha de: Maria auxiliadora e Mauricio Alves.



Data de Nascimento: 1984.




Como começou seu interesse pelas artes?
Começou desde cedo, começou com pintura, desenhando em casa. Eu achava interessante, bonito, logo em seguida eu entrei no Pro Cuca, projeto que trabalhava arte e educação nas escolas, com 13 anos de idade. Depois, comecei a fazer teatro, comecei a me envolver e entrei no Pro Cuca como oficineira fazendo um trabalho de artes plástica.




Você lamenta o fim do Pro Cuca??
Com certeza, pois foi um projeto pioneiro no Cabo de Santo Agostinho, trabalhando arte e educação, e que era muito importante na formação de cidadãos.




E o teatro??
O teatro surgiu através do contato com algumas pessoas como Evânia e Edmilson. Estava rolando uma oficina com o grupo Luz e Sombra, foi aí que eu me inscrevi comecei a participar. Depois eu fiquei mais próxima de Vidgal e participamos de uma MOCASPE – Mostra Cabense de Sketes e Poesias Encenadas, chamada de “UM BUCADO DE TE E DE MIM”. Um monologo bastante premiado.




Até então você atuava? E como foi que surgiu o interesse de criar?
Bem, como eu estava muito perto de Vidgal, e ele tinha essa necessidade de artes plástica, eu acabei me envolvendo, já que sou artista plástica, e como amigo acabamos fazendo várias parcerias. Logo em seguida veio um trabalho com Edes di Oliveira, na peça “NAS VORAGENS DO PEGADO”. E agora com o espetáculo “O CAVALO QUE DEVECAVA DINHEIRO” , que também estou atuando e faço a direção de arte em geral.A pintura é uma paixão Sntia?Minha vida gira em torno da pintura, eu acordo respirando pintura, vivo pensando em pintura, e acho muito importante esse contato com as artes. Participei da ultima exposição na Aeronáutica, há dois anos atrás e fui classificada, como melhor pintura de Pernambuco, e ganhei um prêmio. Antes disso, fiz uma exposição individual, que foi “UM OLHAR SOBRE A JANELA”. Procuro sempre buscar elementos novos na minha pintura, e uma delas é a reciclagem, acho muito importante trabalhar a reciclagem com a pintura, buscando uma inovação.




Quais são as dificuldades que você tem pra realizar uma exposição ?
É mais a questão técnica, não existe um espaço no município adequado para você expor seu trabalho, um lugar que tenha segurança, qualidade e conforto, e financeira também, já que não existe um apoio nessa área. Temos aqui no Cabo de Santo Agostinho, um espaço chamado “Mercado de Farinha”, que é o Mercado das Artes, só que ele não suporta uma exposição maior, seria um espaço mais voltado para quem esta começando, e ele também não oferece uma estrutura compatível com uma boa galeria.




Como você se sente não tendo um local adequado para expor seu trabalho, na cidade onde mora?
Frustrada... Por que tenho necessidade, vontade, mais não tenho apoio.




É aí que o teatro entra ? Como um apoio?
Ajuda sim , por que o teatro é mais fácil, o teatro não depende muito dessa coisa física, é mais seu trabalho de ator, você vai e faz, seja na rua , seja no palco.Fala um pouco do “CAVALO QUE DEFECAVA DINHEIRO”.O espetáculo é parte de uma literatura de cordel, de Leandro Gomes de Barros, com direção de Ednilson Oliveira, direção musical de Osvaldo Costa e a direção de arte é minha. O figurino é uma homenagem a xilogravura, ele é trabalhado em material cru, tecido cru, algodão e estopa, e quando eu falo nessa homenagem a xilogravura, é pela estética dele, ele é contornado preto com viés, é um figurino que lembra muito aqueles bonecos de barros de Caruaru, aqueles formatos meio geométricos, algo naquela linha. Este figurino é o resultado de uma pesquisa de mais de três meses, nós assistimos filmes , lemos revistas, sentamos e discutimos pra chegar a esse resultado. No espetáculo, eu faço duas personagens, que é a mulher do pobre e a mulher do Duque, e faço a manipulação de um boneco gigante.




Projetos futuros?
O grupo “Os Caboêtas” pretende fazer novos Episódios de Cordel, de outros artistas, inclusive de Flávio Alves. Ele lançou duas literaturas de cordel, e esta em processo de lançamento de outras. Pretendemos fazer um trabalho também voltado as empresas com literatura de cordel para a área de prevenção de segurança do trabalho, usando a literatura de cordel pra conscientizar.

Edes Di Oliveira


O primeiro espetáculo que ele assistiu foi O Sapateiro do Rei, no antigo SESI do Cabo em 1979. Espetáculo foi montado pelo TAC ( Teatro Amador do Cabo ) onde seu irmão Edinaldo de Oliveira participava do elenco. Dez anos depois, numa homenagem a este mesmo espetáculo, lá estava ele, só que desta vez atuando, junto com seus três irmãos Ednilson Oliveira e Edson Oliveira no elenco e Edinaldo Oliveira na Direção.Estamos falando de Edes de Oliveira, Ator e Diretor, nosso entrevistado deste mês.Suas participações no teatro foram muitas, começando pela MOCASPE, com diversas atuações e premiações, alias foi justamente nesta mostra de teatro, legitimamente Agostiniana, que Edes de Oliveira se deu ao prazer de experimentar, como ator e diretor.Atualmente, ele participa do Espetáculo A cegonha Boa de Bico, em Arcoverde/PE, que já lhe rendeu o premio de MELHOR ATOR, no Festival Janeiro de Grandes Espetáculos em Recife/PE, este ano.




Como começou sua historia com o teatro?
Meu inicio no teatro, vou começar em 1979 eu tinha apenas 7 anos e meu irmão mais velho Ednaldo, participava do espetáculo do TAC - Teatro de amadores do Cabo “O Sapateiro do Rei” foi o primeiro espetáculo que eu vi, achei muito legal, só não tinha muito o que pensar já que era a primeira vez e era muito novo, então em 82 Ednaldo e Francisco montaram o Grupo da Gente “GRUDAGE” de inicio meu outro irmão Edinilson entrou no grupo, Ednaldo não gostou muito, depois outro irmão Edson, Ednaldo e Edinilson não gostarão, e depois em 89 eu entrei, e Ednaldo, Ednilson e Edson não gostarão, foi muita resistência dos irmão mas eu tava afim mesmo, então montamos pelo GRUDAGE “O Sapateiro do rei” em comemoração aos dez anos da montagem anterior, hoje só Edinilson que é produtor e eu continuamos nessa árdua caminhadas nas artes Cênicas.



Que trabalho foi o mais marcante que você participou?
Todos marcam nossa caminha, e o da vez, por estar nos consumindo no momento e nossas atenções estão voltadas para ele, mas destaco todos que participei, cada um teve a importância devida, “O Sapateiro do Rei” (GRUDAGE) minha estréia, os primeiros festivais, O Enigma de Cid (GRUDAGE), meu primeiro prêmio de Ator, foi em Arcoverde no FESTARC, As Bestas (Cia Théspis de Repertório), teve um particular, meu primeiro espetáculo adulto, viajamos muito com esse espetáculo, ficamos 5 anos apresentando, meu primeiro prêmio Ator adulto em Anápolis GO. Folgazões e Foliões, Foliões e Folgazões (Mamulengo Só Riso), Quadrilha, Um romance sertanejo (Troupernas de Pau e Teatro), Nas Voragens do Pecado (GRUDAGE) e hoje “Cegonha Boa de Bico” (Troupe Espantalho) que estreamos em outubro de 2006 participamos agora do Janeiro de Grandes Espetáculos ganhamos 5 premio entre eles eu como Ator infantil.


Onde você esta trabalhando hoje?
Depois de muita peleja no Cabo de Santo Agostinho, vim fazer um trabalho em Arcoverde cidade que já vinha paquerando há muito tempo, onde já tinha feito alguns trabalhos, todos espetáculo que participei já se apresentaram aqui, nesse tempo abriu vaga para professor de teatro no SESC unidade Arcoverde, fiz a seleção passei e estou aqui vai fazer três anos.


Porque a saída da sua cidade? Os motivos???
Vários, acho que o mais forte foi a relação que nós artistas, principalmente artistas que querem realmente viver de sua arte de sua PROFISSÃO, a relação com o governo municipal estava gastada, alias muito desgastada, com isso a relação do movimento cultural também fica desgastada, justamente o que nossos governantes querem a desestabilização do movimento dos grupos e das pessoas, LOGO PORQUE O CABO NUNCA TEVE UM GOVERNO DIGNO, tudo é balela, as pessoas que se envolvem nas administrações públicas só querem seu salário no final do mês, e o resto é resto, esta ai o mercadão que não me deixa mentir. Diante disso tudo fui procurar novos horizontes e achei.


MOCASPE (mostra Cabense de Sketes e Poesia Encenada) de quantas você participou?
Conta tua historia neste festival local. Participei de quase todos, de início relutei um pouco, achava que não era o modelo propicio para o movimento, não participei do primeiro, mas fui lá comprovar, o primeiro foi um dos mais fracos, mas sai encantado e fissura em fazer alguma coisa no próximo, e no segundo estava eu lá com três, um com Adão Veras (Folhas Rasgadas) outra eu e Flávio Alves (O Mendigo ou o Cão Morto) e (Meu Psicanalista se parece comigo) com Totô Santos e Adonis D’iordigues e Múcio Vilela fez a coreografia, foi um dos Sketes que mais gostei de fazer, marcou muito, a forma que ele foi concebido foi muito legal, ganhamos destaque de 1º Espetáculo, Direção. Outros também, poderia destacar (Apareceu a Margarida) (Trindade) (Abortai) (Anjos) e por ultimo no 10º MOCASPE (Plenos Pecados) com Jaciara Marques (Destaque Atriz) e (Plenos Pecados) que se destacou com quase todos os outros Prêmios.


Qual foi ou é a importância desse festival para o município do Cabo de Santo Agostinho?
Para cidade, parece não ser nada, mas muito significativo para o público que lotava as cansadas dependências do Teatro Barreto Jr. Que vibrava na premiação como se fosse o Oscar do Teatro Cabense, e que até hoje ainda cobra a mostra quando nos encontra. E muito significativo para os artistas que participavam sabendo aproveitar a oportunidade, ganhar era sim um incentivo, mas o mais importante eram as experiências que aconteciam naquele teatro que quase não da pra acontecer nada, mas o que se via era coisas absurdas, como conseguíamos aquelas proezas, aquelas transformações, parece inacreditável, até mesmo de um Skete pra outro o que se via era realmente uma transformação, destaque para Luiz de Lima Navarro que sabia fazer isso com maestria, Jailson Vidigal, Edson Oliveira.


Fala sobre o espetáculo “Cegonha Boa de Bico” da Troupe Espantalho.
A Cegonha tem sido um presente na minha existência, foi muito difícil a construção, pessoas novas, grupo novo, problemas novos e soluções novas, passamos um bom tempo estudando o texto, música, fazendo oficinas de circo, foi uma grande preparação, porque também não tínhamos dinheiro para produção, então mandamos para FUNARTE, FUNCULTURA, primeiro a funarte não saiu, decepção mais depois sai funcultura e funarte tínhamos ficado com suplente e saiu também, mandamos Caravana também da Funarte e ganhamos também, fizemos estréia e temporada em Arcoverde, Janeiro de Grandes Espetáculo, ganhamos cinco prêmios o melhor ator infantil pra mim, estamos em temporada no Recife (Armazém 14) e estamos percorrendo quatro cidades da Paraíba e Rio Grande do Norte, e esperando novas propostas. É um espetáculo muito bonito, a platéia tem adorado, muitos elogios, todos precisam ver.


Alguma apresentação para o sul ou sudeste do país?
Infelizmente até agora não, mas quem sabe????


Como foi crescer no meio de irmãos talentosos como os seus e qual foi sua influencia em casa?
Uma loucura, primeiro eles não queriam que eu fizesse teatro, tentaram horrores e não conseguiram, depois já estávamos juntos na estrada, com O Sapateiro éramos os três no elenco e Ednaldo dirigindo, depois em O Enigma de Cid usávamos o mesmo figurino a mesma maquiagem era uma loucura pra distingui quem era quem, e ainda depois nos Fenatecas da vida e Mocaspes, foi muito legal, e hoje ta melhor ainda.


Qual a diferença do movimento teatral do cabo de santo Agostinho e o de Arcoverde?
Acho que nenhuma, a maior diferença é que talvez a distancia da Capital, e Arcoverde se tratar de uma cidade pequena.


Fala de algumas das suas direções no teatro?
Pra falar em direção, tem que falar em Mocaspe, que não são espetáculos, são sketes, mas dentre elas, gosto muito de TRINDADE, acho muito provocante e particular aquele modo de encenação, e o melhor de tudo foi ter ganho o destaque do júri popular, achei o dez, quando dirigia jamais pensava, que o povo ia gostar, entender, ou talvez não entenderam e fizeram de conta pra não passar por burro! Era muito surreal, aquela mulher se desmanchando no palco, o parto a morte do filho, até hoje não admito não ter ganhado direção e ator naquela Mocaspe, acho a maior injustiça da mostra, gostei muito do Meu Psicanalista se Parece comigo, porque foi construído em conjunto, Eu, Múcio, Adornis e Totô, foi bem diferente e emocionante, isso entre outros, em espetáculo Nas Voragens do Pecado, mim provou que tudo pode e que já posso dirigir sem medo de ser feliz.


Edson Oliveira


Ele tem 37 anos, é casado e atualmete mora em São Paulo. Saiu de casa há alguns anos atrás, em busca de outros desafios. Já trabalhou como gerente em uma grande empresa, mais o seu lado artístico sempre predominou. Hoje ele é um conceituado Consultor de Treinamento e Psicodramatista e faz alquilo que mais gosta e acredita: trabalha com pessoas. Seu nome: Edson de Oliveira, ator, diretor, escritor e nosso primeiro entrevistado.



Como começou sua historia com o teatro???
Tudo começou com meu irmão Edinaldo Oliveira. Ele fez parte do grupo TAC – Teatro de Amadores do Cabo, ainda nas décadas de 70/80 e fez uma peça intitulada “O Sapateiro de Rei” e claro que em algumas de suas apresentações participei como expectador, confesso que me encantei pela possibilidade de ver atores/pessoas dando “vidas” a personagens criados pela imaginação do homem e também personagens da vida real.
A partir daí despertou minha curiosidade por esta arte tão fascinante que é a arte de representar. Então, comecei a “bisbilhotar por entre as coxias” os ensaios do meu irmão, nesse tempo, ele tinha fundado juntamente com um amigo, Francisco Alves, um novo grupo na cidade do Cabo: O Grupo da Gente – GRUDAGE que até hoje resiste fazendo história em sua caminhada. E a partir daí fui participando das oficinas teatrais, das colagens de cartazes e pichações nas ruas do Cabo para divulgação das peças que entrariam em cartaz, até que surgiu uma oportunidade para figuração em uma das peças do Grudage. Agarrei com “unhas e dentes” e isso foi o começo de uma longa jornada teatral. Vale salientar, que ainda não existia o Teatro Barreto Júnior do Cabo, fazíamos apresentações nas escolas, associações de bairros e outros espaços alternativos da Cidade do Cabo de Sto Agostinho.




Como é esta longe dos palcos??
É como viver longe das praias cabenses, entende? O que me deixa mais tranqüilo é que trabalho como consultor de treinamento, com palestras, jogos dramáticos e psicodrama sempre estou atuando nos “palcos” das organizações e isso preenche esta lacuna tão importante da minha vida. Aqui em São Paulo já tive a oportunidade de atuar como ator na peça “Um Sanatório para Freud” através do CAAC – Centro de Artes Alternativas e Cidadania, trata-se de ONG que trabalha a reintegração a sociedade de moradores em situação de rua e ex-presidiários a qual faço parte.




Você pretende voltar a dirigir espetáculos e atuar??
Atualmente eu dirijo e atuo em espetáculos nas empresas. Agora, voltar a dirigir e atuar em espetáculos do teatro tradicional, se assim posso chamar, eu não sei...quem sabe...eu... sei lá...eu ADORO TEATRO. As vezes vou muito a teatros aqui em São Paulo, agora não é a mesma coisa, é o mesmo que ir a praia... contemplar a natureza, ouvir os sons do mar, refletir na paisagem, ver aquela maravilhosa iluminação proporcionada pelo sol, os corpos maquiados pelos bronzeadores solares, perceber toda movimentação cênica com tantos atores e atrizes... e não tomar banho.




Quais os projetos futuros??
O principal é voltar para Pernambuco. Esse é um projeto que quando decidi sair do Cabo de Sto Agostinho em 1996 eu já tinha traçado um projeto de vida, que era conhecer outras realidades, estudar e me profissionalizar na área que tinha escolhido pra minha carreira profissional, que era o de trabalhar com pessoas. E graças a Deus e ao meu esforço batalhei e até hoje batalho para conseguir atingir este objetivo. Trabalhei numa empresa que tive a oportunidade de viajar muito e conhecer este “Brasilzão” de tantas culturas e costumes diversificados, que é uma maravilha. Quando morava em Salvador onde passei quatro anos, recebi uma proposta para trabalhar em São Paulo, a principio resisti, mas levado pela possibilidade de poder desfrutar dessa cidade que tanto poderia me desenvolver pessoal e profissionalmente aceitei, porque isso fazia parte desse meu maior projeto, que era a busca desse desenvolvimento para um dia voltar e poder colocar em prática em terras pernambucanas, nordestinas e porque não brasileiras. E estou chegando.


O Cabo era rota de festivais nacionais de teatro hoje não, mas qual o impacto que casou no movimento cênico e na cultura local???
Uma perda muito grande para nossa cultura local. Uma perda no sentido de mostrarmos para esse Brasil o que tínhamos e temos de excelência cultural, como também de conhecermos outras realidades culturais e podermos trocar, debater, conhecer e vivenciar experiências diversas com um povo de sensibilidade, criatividade e que tanto tem pra contar para esse povo brasileiro. E o impacto é de estreitamento ao invés de ampliação. O movimento local agora, precisa ir em busca, coisa que antes além dessa busca, “os movimentos culturais” vinham até o Cabo de Sato Agostinho. E lamentável.


Você participou do primeiro MOCASPE ( MOSTRA CABENSE DE SKETES E POESIA ENCENADAS )como foi ??? E hoje o que você senti ao lembra deste festival????
Com várias sketes. A primeira MOCASPE – Mostra Cabense de Sketes e Poesias Encenadas – foi algo de grande importância na minha vida artística. Foi nela que comecei o exercício de direção e autoria teatral. Na primeira versão, tinham poucos participantes, mas com um número expressivo de sketes. Nesta versão, muitos trabalhos foram dirigidos por mim e por Luiz Navarro para conseguir atender a demanda e servir de atrativo para as próximas versões, e não deu outra. Para a realização contava-se com uma forte equipe de apoio administrativo e logístico do evento, como Ednilson Oliveira entre outros.
Agora dizer o que sinto é um misto de vários sentimentos. Vaidade, alegria e saudade, muita SAUDADE.




Era difícil na sua época fazer teatro no Cabo?????
Sim, muito difícil. A falta de incentivo, de apoio por parte das administrações públicas era o maior desmotivador. Conseguíamos algum apoio, mas não o suficiente para desenvolver um trabalho de tamanha expressão nacional. É, porque nosso trabalho tinha um reconhecimento nacional em festivais, congressos e outros eventos que participávamos. Nós éramos conhecidos como um movimento de resistência nunca de expressão, e por incrível que pareça nós tínhamos EXPRESSÃO SIM. Até para nossos ensaios tínhamos grandes dificuldades para ocupação de espaços. Porém, sempre fomos “Guerreiros”.




E o GRUDAGE???? o que este grupo representou ou representa para você????
Pra você ter uma idéia, eu costumo dizer que o profissional que sou hoje, devo muito ao teatro, pela desenvoltura e articulação que me proporcionou. E o Grudage me deu estrutura e foi também o disparador para o trabalho que desenvolvo. Minha especialidade é trabalhar com pessoas, procurando contribuir na sua formação e desenvolvimento pessoal, bem como profissional. O grudage foi fundamental na minha vida.


Como foi fazer teatro na Igreja????
Foi uma “loucura”. Era assim que era conhecido na igreja, pelas minhas encenações um tanto quanto “malucas”, assim comentavam os expectadores. No entanto, o grupo que fazia as apresentações comungavam dessas “maluquices” e eu não estava sozinho. Tudo começou no grupo UJCF – União da Juventude Cristã Franciscana, a convite de um dos integrantes e na oportunidade fui solicitado para dirigir uma peça sobre a vida de São Francisco de Assis de autoria de Edna Barros, a quem hoje sou eternamente grato pela oportunidade de ter conhecido uma pessoa com uma história tão exemplar como Francisco de Assis. Daí em diante criamos o grupo “Os Fominhas de Deus” que tinha o intuito de dramatizar evangelhos, campanha da fraternidade e tínhamos um trabalho social nas periferias do Cabo, com arrecadação de donativos no comércio e residências locais e transferir para a população mais carente, carente não, miserável.
Fazer teatro na igreja valeu como exercício e ampliou meus horizontes com possibilidade de levar o teatro à população menos favorecida.


Como você ver hoje o movimento teatral no Cabo ???
Com muita dó. Não pelas pessoas que fazem o movimento, que são pessoas de garra, muita força de vontade e de muito conhecimento, no entanto, não encontram espaço para poder desenvolver esta tão nobre arte e que pode transformar “...”.
No Cabo de Sto agostinho, acreditem, temos excelentes artistas, com grandes potenciais, artistas que estão iniciando carreira, pessoas anônimas que incentivam esta arte. O que realmente falta é um apoio digno, um apoio a altura desses artistas que só querem desenvolver seus talentos e poder contribuir para um mundo melhor. Precisa-se de pessoas que no mínimo sejam sensíveis a luta de artistas/guerreiros. Quantas pessoas largaram, abandonaram “o barco”, uns porque cansaram, outros porque precisavam sobreviver, pessoas que se angustiaram e partiram para outras “praias” deixando de lado muitos sonhos não realizados, mas que precisavam trilhar outros caminhos em outras regiões do país e quando não do mundo.
Artistas Cabenses, não desistam, vão enfrente, sejam fortes e destemidos acreditem em vocês, nas pessoas e no mundo, sonhem alto, realizem alto e queiram cada vez mais, com humildade e honestidade com bondade e força. MUITA FORÇA. Eu desejo muita “Merda” pra vocês.
Edson Oliveira
Consultor de Treinamento, Psicodramatista e MBA em Recursos Humanos – Atualmente morando em São Paulo – Capital.
(Artista cabense há 10 anos longe das praias pernambucanas que tanto se banhou)

Ednilson de Oliveira



Ele foi um dos fundadores e é o atual Presidente do GRUDAGE - Grupo da Gente, além de ter sido Presidente da ACTA - Associação Cabense de Teatro Amadores, da cidade do do Cabo de Santo Agostinho/PE.
Estamos falando de Ednilson Alves de Oliveira, que mais uma vez inova no fazer teatral, com o Espetáculo de Rua, "O Cavalo que Defecava Dinheiro".


Confira a 1a Parte de sua entrevista, fornecida a Alexandre Diogo, do Nação Cultural.




Nome
Ednilson Alves de Oliveira



Onde Nasceu
Cabo de Santo Agostinho



No ano
31 de Janeiro de 1967



Filho de
Eudes Alexandre de Oliveira
Maria Djanira Alves de Oliveira



Profissão
Produtor Cultural



Como você descobriu esta paixão pelo teatro?

A paixão pelo teatro começou quando eu fui assistir a um espetáculo, coincidentemente, este espetáculo tinha no elenco meu irmão, Edinaldo Oliveira, o primeiro a fazer teatro lá em casa.
O nome do espetáculo era “O Sapateiro do Rei”, onde ele fazia o personagem do Soldado, até hoje conhecido como “Soldadinho”.Foi aí que me encantei, por esta fantasia tão fantástica, pelas cores do figurino, pela iluminação, foi algo que até então eu não tinha visto, foi o primeiro espetáculo que eu assisti e fiquei encantado.
Foi a partir daquele momento que eu fui fisgado pelo teatro.




Qual foi o seu primeiro trabalho?

Meu primeiro trabalho, foi um espetáculo chamado “A Eleição”, este que foi o primeiro espetáculo do GRUDAGE, que fez 25 anos em 2007.
Foi em 1982 que o GRUDAGE montou seu primeiro espetáculo, “A Eleição”, de Luzes Ramalho.
Na ocasião, eu fui convidado a prestar um serviço para o grupo, serviço este que era levar a refeição das pessoas que estavam fazendo o ensaio daquele espetáculo.
Foi aí que eu fui tomado por um convite, para participar do elenco, foi uma maravilha, porque eu já havia me encantado pelo teatro, e agora eu iria compor o elenco de um espetáculo, o que era muito melhor, que era estar próximo de um grupo, de uma organização, que tinha o objetivo de trabalhar arte.




Você trabalhou com alguns dos teus irmãos, fala um pouco desta experiência.

Eu trabalhei com todos eles, na verdade.
Edinaldo Oliveira, que foi o responsável por nós fazermos teatro, ele tem que levar esta responsabilidade até o fim da vida.
Ele começou fazendo teatro no TAC – Teatro de Amadores do Cabo, com o espetáculo, “O Sapateiro do Rei”, e foi ele que junto com Francisco Alves, que fundaram o GRUDAGE – Grupo da Gente, e Edinaldo, que já vinha de um grupo conhecido na cidade do Cabo, teve pretensões de fazer conhecer o GRUDAGE.
Depois destes serviços prestados e convidado para o elenco, o meu irmão, Edson Oliveira também foi convidado, e começou a fazer parte do elenco e do grupo.
Depois eu trabalhei com o Edis de Oliveira, que foi bem mais adiante, quando nós montamos a segunda versão do “O Sapateiro do Rei”, e ele compôs o elenco do espetáculo, fazendo o personagem do “mensageiro” e logo depois ele passou a interpretar o “palhaço”.É bom lembrar que a primeira versão do espetáculo “O Sapateiro do Rei”, foi em 1978 e a segunda versão foi uma homenagem do GRUDAGE ao espetáculo, já que o Edinaldo Oliveira e Francisco Alves vieram deste espetáculo, foi neste momento que o Edis de Oliveira passou a integrar o elenco.




Houve alguma resistência familiar?

A principio do meu irmão Edinaldo, o que não seria uma resistência familiar propriamente dita, mais uma preocupação que ele tinha com a gente, como ele era o mais velho, ele tinha uma responsabilidade de pai, e ele de certa forma era o responsável, que estava nos levando para fazer esta arte, que na época ainda era discriminada.
Na verdade, ainda é até hoje, mais a alguns anos atrás era muito mais, já que a pressão era muito maior, especialmente para quem fazia teatro.




Qual é a tua leitura do teatro do Cabo de Santo Agostinho?

Acho que o teatro do Cabo poderia ter avançado muito mais, e deveria estar num processo mais elevado. E aí eu responsabilizo, o poder público, acho que os que foram constituídos ao longo destes anos, tem a grande parcela neste subdesenvolvimento.
Eu acredito que o artista do Cabo, tem de uma certa forma feito seu papel de artista, mais infelizmente, não dá pra fazer tudo.
São muitas coisas pra se fazer, sem o apoio devido, e é ai que entra o papel do poder público, seja do Estado ou do Município, em viabilizar o processo de produção cultural, na cidade, no estado ou no país.




Foram quantos trabalhos no teatro?

Foram muitos, mais poucas em relação ao tempo, muitos eu digo pela falta de recursos pra produzir, pra se ter feito tudo isso. Bem, começarmos com “A Eleição”, “Guiomar, sem rir nem chorar”, onde eu fazia a iluminação.
Logo depois veio “Uma Mulher Dama” em 1985 de Luzes Ramalho, que é uma autora Paraibana.
Neste mesmo ano em 1985, nós estreamos “A Praça do Pensamento”, que era um espetáculo voltado para o público infanto-juvenil, e neste mesmo ano, nós fizemos uma homenagem a Sra Luzes Ramalho, que foi a realização de uma mostra, intitulada: “Mostra de Texto Luzes Ramalho”.
A mostra foi uma homenagem a Sra Luzes, já que nós tínhamos um certo carinho pelo trabalho, pelos textos dela.Logo depois da “A Praça do Pensamento”, teve “A Paz Esteja Convosco”, que era um espetáculo de rua, onde nós falávamos da contradição do ano de 1986, onde era considerado o Ano Internacional da Paz, e no Cabo, foi o ano que mais mataram pessoas, foi quando houve o maior número de assassinatos, foi onde nós fizemos quase que um protesto. Nosso objetivo era que as pessoas, os políticos, os governantes, pudessem olhar com um carinho maior para esta questão da violência, que vem assolando este país.
Depois nós montamos um show de variedades, chamado “Deleite-se Show”, que foi uma coisa mais cômica, uma brincadeira.
Logo depois veio “O Sapateiro do Rei”em 1989, a montagem do GRUDAGE.
Depois veio “O Enigma de Cid”, e em todos estes espetáculos eu tive uma participação como ator ou como técnico, eu sempre estava envolvido nestas produções.“Nas Voragens do Pecado”, foi o último espetáculo neste tempo todo, na verdade o último é agora, “O Cavado que Defecava Dinheiro”.
Agora sim, nestes anos todos, por exemplo, depois da “A Praça do Pensamento”, eu criei um grupo, uma companhia de animação de festa, que tivesse esta preocupação de trabalhar um pouco mais de arte dentro das festas infantis.E foi aí que eu criei a “Companhia Festa & Folia”, onde nós levávamos palhaço de perna de pau, malabaristas, na verdade nós introduzimos isto mais agora, mais recentemente, mais nós já trabalhávamos com teatro de bonecos, o mamulengo, música ao vivo, com uma bandinha que fizesse uma música instrumental, enfim, nosso desafio era levar um pouco mais de cultura e arte para as festas.Nossa maior dificuldade, era que na época, imperava a Xuxa, e brigar com a Xuxa dentro das festas era uma coisa meio complicada, mais nós sempre demos nosso recado. Já que tinham pessoas que gostavam muito da nossa linha de trabalho.
Até que em 1998, nós começamos a introduzir, pernas de pau, malabares, sketes de palhaço, nesta linha mais circense.Bom, a minha maior paixão sempre foi a produção cultural, o que sempre eu gostei foi de administrar tudo isso.
Na verdade, eu não gostava de dizer que eu era produtor cultural, por que eu acredito que eu sou um viabilizador da produção, eu contribuo para que as pessoas mostrem o seu trabalho, seja um trabalho de texto, construído ali, seja um trabalho da interpretação, ou seja, dá oportunidade, ser uma plataforma para esta produção, eu me encontro muito fazendo isso.Então ligado a tudo isso, foi a direção do GRUDAGE, fui presidente do GRUDAGE, logo no início, após a saída do meu irmão Edinaldo Oliveira, que buscou outros caminhos, já que sobreviver de arte é extremamente difícil nos dias atuais.E aí eu assumi a presidência do GRUDAGE, houveram algumas lacunas neste período, mais hoje eu ainda sou presidente, e eu sempre gostei muito desta questão da administração cultural.
Também fui presidente da Associação Cabense de Teatro Amador – ACTA, que realizou grandes festivais, grandes eventos culturais aqui na cidade, um deles foi o FENATECA - Festival Nacional de Teatro do Cabo, ao todo 04 versões.
Foi também sobre a minha gestão que criamos a MOCASPE – Mostra Cabense de Sketes e Poesias Encenadas, que foi resultado de uma de nossas viagens com o Espetáculo “Guiomar, sem rir nem chorar”, que foi em Franca/SP, onde surgiu a idéia de montarmos uma mostra de sketes e poesias, a nossa inspiração foi de um trabalho lá de Franca, chamado “Águas de Março”, que era muito parecido com a MOCASPE.E aí nós fizemos uma adaptação para nosso município, para a época e hoje a MOCASPE já vai na 12ª edição, e é um sucesso pela participação da comunidade cabense na mostra.




É fantástico.E assim como seu irmão, que iniciou vocês no teatro, você também esta introduzindo a sua família neste novo trabalho.

Hoje o Tiago Henrique Alves de Oliveira, meu filho, já estreou com 11 meses, e experimentou o fazer teatral.Bom, talvez eu não queira isso para ele, por que é muito complexo fazer teatro aqui no Cabo, e até mesmo no Brasil, por que nós não temos o reconhecimento necessário.Infelizmente, não se compreende o artista como um produtor, um trabalhador, na verdade, e aí o artista sofre muito com isso.
Hoje já esta sendo algo mais aberto, mais num processo muito lento.E aí eu digo, experiência com arte acho que todos deveriam ter, seja na música, no teatro, na dança, no circo, a arte amplia teus horizontes, você passa a compreender melhor o mundo, você passa a ver de uma outra forma, e passa a ver o universo com mais diversidade.Pelo menos a experiência teatral o Tiago já tem, se ele vai querer seguir a arte do teatro, ou da mãe, Sintia Alves, que é das artes plásticas, não sei. Lembrando ainda, que Sintia também é atriz, e realiza trabalhos com figurino, cenário, dentre outros.Mais o que eu queria realmente dizer é que nós temos que preparar muito bem o Tiago Henrique, para que ele possa decidir bem o que ele quer fazer.Se ele quiser ser artista que seja, mais num local onde se possa compreender melhor este universo.